Biografia

Desde muito pequena, ainda em Buenos Aires, as cores, a dança, o teatro e a Natureza me comovem. Comecei desenhando quando vi as obras de Michelangelo, dançando quando Isadora Duncan e interpretando ao ver Pina Bausch.
Sempre me manifestei através de longos discursos na banheira, através de poesias que criava na hora, ou apenas fantasiando histórias. Depois veio o teatro, com as improvisações e performances.
Aos 18 anos, com a chegada da ditadura, viajei para Israel, onde cursei a Universidade de Arte, curtindo, inventando e mergulhando fundo em cada momento de criação!
Registrava memórias e vivências nas fotos tiradas com a minha Pentax, quando percorri a Índia, desertos, florestas ou ilhas distantes. Sempre intervindo nelas com pintura ou escrita. Desde cedo que a memória, inconscientemente, ditava as cores e temas que afloravam e fluíam sem parar. Sempre absorvendo, generosamente e feliz, como se não houvesse amanhã.

A arte transcende quando você consegue atiçar a curiosidade ou mexer os sentidos do espectador. Quando a obra te comove, te faz pensar. Ou apenas quando as cores e as texturas te tocam de uma maneira singular e te transportam para outra realidade. Seja na música, na dança, no teatro, cinema ou através das artes plásticas.
Mas, antes do espectador, somos nós artistas que nos abrimos por completo permitindo que a inspiração flua e nos inunde com abstrações e pura excitação. E aí, corro até a tela, papel ou objeto e deixo rolar, nos impulsos sequer premeditados que acabam se transformando em uma nova ferramenta. Adoro explorar uma técnica até o final. Sejam nos pastéis oleosos que transformo em translúcidas camadas de tinta sobre fotos que se diluem, nos pergaminhos também transparentes que começam em escritas, manchas aleatórias e que acabam em projetos arquitetônicos. Sinto júbilo ao revelar dos objetos, como bambus, malas, livros, outras formas de expressão, mudando a identidade visual, objet trouvé.

Assim que acabo uma exposição, parto para outra ação, pois a minha cabeça parece um balão repleto de ideias confusas que a cada instante e qualquer estímulo, se abre, brotando novas conexões.

Minha intenção é de continuar criando, produzir meu programa de TV sobre Arte, seguir com os projetos sociais (Paint a Future*).
Meu trabalho é original, não me prendo a maneirismos ou a fórmulas que deram certo. Acho que provoco, através da minha arte, uma dupla sensação, de delicadeza e força. Um sem fim de Encontros e Contrastes.

Publicações:

– 2014: Criação da capa e contra capa do livro “Femmina”, de Mónica Nicola ISBN 978-85-372-0587-7

– 2011: Criação da capa do livro “Todos os Mares”, de Maria Amorim, Suécia. ISBN: 978-91-7517-028-2

– 2012: ARTIGO, feira de arte Contemporânea, página 46, Rio de Janeiro, Brasil.

– 2006: Livro Mulheres Negras do Brasil, contra-capa. by Shuma Schumacher e Érico Vital Brasil. ISBN: 978-85-7458-225 Brasil.

– 2006: Salão de Arte São Paulo. Obra, folha inteira “Cadê o Rio de Marc Ferrez”. página 41

– 2007: Susi Sielski Cantarino, catálogo da artista, produzido pela galeria Art Lounge, Lisboa, Portugal. ISBN: 978-989-95542-07

-2003 a 2006: Brazilian Knots, editor: Luis Felipe Fortuna. Gallery 32. paginas inteiras das obras: Estação da Luz, Bamboos, Wishes for Peace. Paginas005, 006, 007, 008. Londres, Inglaterra.

– 2002: Vídeo Contrastes, dirigido pelo renomado diretor Walter Carvalho, Rio de Janeiro, Brasil.

– 2001: Criação da Capa do livro “Maturidade”, de Léa Maria Aarão Reis, Brasil. ISBN: 85-352-0896-8

– 1999: Catálogo “Action Painting”, capa e páginas 11 e 12. Rio de Janeiro, Brasil.

– 1998: Catálogo “Uma Homenagem a Dali”, capa e últimas páginas. Rio de Janeiro, Brasil.

– 1985: Criação da capa do livro:” HIOB”, Joseph Roth,
ISBN 965-03-0187-9 Zmora, Bitan- Publishers, Israel.

– 1984: Criação da capa do livro:” Call it Sleep”, Henry Roth,
ISBN 965-286-012-3 Kineret Publishers, Israel.

– 1984: Criação da capa do livro: “The other Woman”, Doris Lessing,
ISBN 965-286-011-5 Kineret Publishers, Israel.

Catálogos impressos da artista:
2000: Texturas Líricas.Rio de Janeiro, Brasil
2001: Pétalas do Rio. Rio de Janeiro, Brasil
2001 Do Rio para Virgínio, produzido pela Galeria Conventual, Alcobaça, Portugal.
2002: Contrastes. Rio de Janeiro, Brasil
2005 Susi Sielski Cantarino, Mezuzot, São Paulo. Brasil
2005, Anima, Rio de Janeiro, Brasil

CRÍTICAS:

Das várias críticas de filósofos, artistas e críticos de arte, vou transcrever a de uma amiga, Júlia Rónai

“A maior dificuldade da arte contemporânea é determinar o que é arte. Mais do que isso: o que é boa arte. Uma vez ouvi que a boa arte deve ter cabeça, mãos e coração. Cabeça, porque deve conter uma mensagem, um conceito, algo de interessante que vá além do belo. A obra de Susi Cantarino definitivamente tem cabeça. Suas ideias, claramente representadas, nos chegam de maneira sutil e delicada, sem no entanto tornarem-se herméticas. Sua arte fala para todos e em voz alta. Mãos, porque deve haver na arte também a habilidade manual, com atenção aos detalhes e a forma. Susi não só tem mãos, mas tem mãos que constantemente buscam novos meios de expressão. Em seu trabalho encontramos serigrafias, pinturas, colagens, caligrafia entre outras. Trata-se de uma artista que não tem medo de explorar o desconhecido e que o faz sempre com maestria. Que não se acomoda naquilo que faz bem – tão bem! – e está sempre em busca do novo. E por último, mas não menos importante, coração. Essa talvez seja a principal característica de suas obras: São obras cheias de alma, cheias de coração. Falar em sua obra é falar da própria artista, pois as duas se entrelaçam e se completam. É falar de uma pessoa empreendedora, sensível e generosa. Tenho um quadro de Susi pendurado na parede da minha sala. Não é um quadro qualquer. É um quadro no qual sei que a artista deixou uma parte de si. Trata-se de um quadro-companheiro, quadro-amigo, que guardarei sempre com o mesmo carinho que tenho por aquela que o criou”.

Outra, do crítico Rodolfo Athayde:
“Ao assumir um universo de símbolos e recordações, Susi Cantarino, expõe a marca da sua arte de ousadia e delicadeza. Consciente da sua proposta, a artista oferece ao expectador o arbítrio da leitura e estabelece um campo semiótico que impõe uma decisão do receptor (nós). Suástica-1933, feita de centenas de facas cravadas na parede, é uma dessas obras que não admite indiferença, visualmente bela e imponente, a obra provoca um choque e uma inevitável confusão de leitura, que nos impele a buscar todos os significados possíveis para além do obvio e do contexto histórico do uso do símbolo. Assim acontece com outras obras como a serie das Malas customizadas e dos Sacos de tecido rústico com símbolos bordados com pedras, obras todas carregadas de força e reflexão.
Há na obra de desta artista um tratamento peculiar da densidade da historia. A tragédia total e o drama humano estão intermediados por um elo entre o universal histórico e o particular da artista que imprime uma subjetividade tenra na fatura das suas obras, que demonstram a capacidade de usar a arte na sua função de sublimação do cotidiano. Embora cuidadosa no aspecto formal da suas obras, a produção artística de Susi Cantarino não deixa lugar ao vazio típico do formalismo, ela ancora seu conteúdo no valor da sua herança e no reflexo do humano. A abstração se da na linguagem que expressa um concreto simbólico.
Susi é uma mulher que se apresenta a si mesma como parte de seu mundo-arte. O toque das suas mãos é como pegadas impregnadas na textura das suas peças, que ao vê-las nos remete a imagem da artista manuseando suas obras. Seja na escolha temática de um projeto como Anima ou na amplidão de interesses diversos de seu afazer, a arte de Susi Cantarino é dizer e prazer”.

A VOZ PRÓPRIA DE SUSI

Uma das conquistas da linguagem artística moderna – entendido aqui como o período posterior aos anos de 1960 e 1970 – foi a descoberta das possibilidades expressivas das mais variadas formas e matérias.  A rigor, essa etapa começa no começo do século XX com o Cubismo quando surgem as primeiras colagens feitas por Pablo Picasso e George Braque – mas, nas últimas décadas, o uso do material não pictórico ganha autonomia na expressão visual. O risco envolvido nessa autonomia é a falta de limites, cuja superação fica por conta do artista. Isso não acontece com Susi Sielski Cantarino. Ela  está entre os artistas que exploram com equilíbrio esse novo campo de expressão, e o faz de maneira pessoal e  com muita criatividade.

O seu vocabulário é rico e, por isso mesmo, correria o risco de se tornar gratuito e fácil. Mas não é o que ocorre em seus trabalhos. Seja quando se vale de elementos gráficos, seja quando utiliza fotos ou quando explora a textura de certos materiais, há sempre, no que ela inventa e cria, um tom pessoal, um modo próprio de falar através desses elementos.

Esta observação, que agora faço, vale para quando utiliza objetos comuns (uma valise, por exemplo) como fator plástico e evocativo, mas também quando compõe paisagens valendo-se de manchas e cores,  de modo inventivo e poético.

Estas são apenas algumas considerações acerca do mundo imaginário que resulta da arte de Suzi Cantarino, cujas obras, sem dúvida alguma, irão enriquecer a experiência estética do espectador.

Ferreira Gullar