Anima

Nesta mostra, além das imagens artísticas expressadas na linguagem contemporânea onde o dialogo e o confronto abordam a questão da memória, tenho o prazer de apresentar documentos e objetos inéditos do sobrevivente do Campo de Concentração de Theresienstadt, o senhor Ferdinand Levi.

 
   
  Entre os objetos de tocante valor documental, a cruz de ferro outorgada para heróis de guerra na primeira guerra mundial em contraponto com a estrela de David amarela que os judeus eram obrigados a usar no peito, para identificação. Estrela que foi forrada pelo avesso, só para ele e seu interior poético...pelo meu avô Ferdinand ....com flores.  
   
  Vati guardou mapas criados por ele no campo, a etiqueta de tecido da mala de deportação, dinheiro, tickets de alimentação e cartas entre outros.  
   
  Meu avô transcreveu com sua fantástica letra que mais se assemelha a uma iluminura, parte dos seus pensamentos do acontecido durante os 4 anos de cativeiro no Campo.  
     
  Sinto que meu avô intuía que tudo tem seu lado bom e que de alguma maneira a memória pessoal e coletiva acaba transcendendo através das palavras...  
     
  Só ha pouco tempo entendi a influencia que este grande ser humano exerce sobre a minha obra.  
     
  Sinto-me honrada e privilegiada por poder dedicar esta exposição a meu avô Vati, e a todos os seres humanos que perderam a sua liberdade, suas vidas, seus sonhos... o direito de escolha...ontem, hoje e Sempre.
Sinto que, acima de todos os rótulos que nos foram designados desde que nascemos e que acumulamos pelo resto de nossas vidas (no meu caso.... argentina, alemã, brasileira, judia... ) somos todos, iguais.
Alguns são Teresas de Calcutá... Mercenários, outros inquisidores, escravizadores, catequizadores ou estupradores de sobreviventes da tsunami... Independente do povo ou região que cada um faz parte.
 
     
  Apesar da trágica conseqüência do purismo da utopia nazista, desencadeando um racismo sem limites, alguns alemães de hoje carregam uma culpa que não é mais a deles é por isso que a minha exposição ANIMA não se inspira em sentimentos negativos, nem em rancores, nem pretende conspirar contra uma ideologia... ela vem do plexo, com força, baseada em Amor, na Revolta, na Injustiça, na Impotência, num grito de Liberdade!.  
     
  *Anima.
A alma, na teoria de Jung. O componente feminino da personalidade de todos os seres humanos. Parte da psique em contato com o inconsciente. Inconsciente individual independente do meio ambiente.
 
     
  Meus agradecimentos aos patrocinadores:
Hydri e Multishopping
 
     
Susi Cantarino , Rio de Janeiro, novembro de 2005
 
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